i.07. As famílias

Quando o assunto é família de instrumentos de cordas tocadas por arco, podemos considerar duas grandes famílias: a Família Viole da Gamba e a Família Viole da Braccio.

A Família Viole da Gamba

Até o século XV as pessoas construíam seus próprios instrumentos de forma a existir uma variedade enorme de instrumentos tocados por arco, quando então as violas constituíram um conjunto homogêneo de instrumentos de 6 cordas e de braço trasteado. Os trates são linhas salientes no braço do instrumento, como ocorre com o violão por exemplo, e que limitam as casas. Estes instrumentos são correspondentes ao conjunto vocal soprano, contralto, tenor e baixo, e com a seguinte afinação (do grave ao agudo):

Viola Soprano: ré.sol.dó.mi.lá.ré
Viola Contralto: dó.fá.sib.ré.sol.dó (textura da viola moderna)
Viola Tenor: sol.dó.fá.lá.ré.sol (afinação do alaúde)
Viola Baixo: re.sol.dó.mi.lá.ré (textura do violoncelo)

As violas menores, soprano e contralto, são tocadas verticalmente e apoiadas nos joelhos; as maiores, tenor e baixo, são seguradas entre os joelhos, daí o nome de viola da gamba (viola de perna) dado a toda a família (e não apenas à viola baixo).

A viola contrabaixo (ou violone) foi um acréscimo posterior à família. A viola lira, também conhecida como viola bastarda, é um instrumento intermediário entre as violas tenor e baixo.

Após um longo período de declínio, as violas foram resgatadas no século XX para a execução de música antiga, e daí a redescoberta da diversidade dos seus timbres peculiares e não alcançado pelos instrumentos modernos da Família do Violino.









A Família Viole da Braccio

Em 1.370, em Florença na Itália, começa-se a tocar o instrumento apoiado sob o queixo e segura-se o arco como hoje, com o dorso da mão direita voltado por cima, enquanto os violistas voltavam o dorso para baixo.

Mas ambos os métodos eram concorrentemente praticados durante o século XV, segundo a iconografia, até que no início do século XVI surge uma família de instrumentos distintos da Viole da Gamba chamada Viole da Braccio (Viola de Braço).

São instrumentos com características distintas dos seus antecessores: ombros redondos; caixa mais alta e mais em meia-lua dos lados; além do número de cordas reduzidas a quatro, elas são mais grossas e esticadas; as aberturas no tampo harmônico em forma de 'F'; cintura em forma de 'C'; cavalete mais alto e arqueado; ponto uniforme (sem casas e trastes). Características bem diferentes em comparação com suas primas, as violas, que tem ombros descaídos, seis ou sete cordas, aberturas no tampo harmônico em forma de 'C' e braços de ponto largo (com casas e trastes).

Existem ao menos três tipos no inicio do século XVI:

  • Soprano, quase idêntica à nossa viola e afinada como ela (dó.sol.ré.lá). No século XVII, chamar-se-á simplesmente viola, denominação que os ingleses e italianos conservarão. Os alemães, chamam a viola de bratsche, deformação de braccio;
  • Tenor, afinada uma quarta ou uma quinta abaixo. Esse instrumento desaparece no fim do século XVII, deixando um vazio lamentável na família das cordas;
  • Baixo, afinada uma oitava abaixo da soprano, como nosso violoncelo. Tomara o nome de violoncello por volta de 1700.
A Família Viole da Braccio, ou Família dos Violinos, não tem, a princípio, nenhum prestigio e só é encontrada nas mãos dos profissionais, não sendo portanto populares. Mas os violinos se impõem pouco a pouco na segunda metade do século XVI, permanecendo as violas na singularidade inglesa. Nos outros paises, subsistem apenas a viola baixo (até meados do século XVIII) e a contrabaixo, ou violone, cuja lenta evolução formou o contrabaixo moderno.

É composto então os 4 instrumentos da Família do Violino:

  • O Violino tem o som mais agudo, na altura do soprano e contralto. Ouça:
  • A Viola de Arco tem o som mais grave que o violino, na altura do tenor. Ouça:
  • O Violoncelo, também conhecido como cello, tem o som mais grave que a viola, na altura do baixo. Ouça:
  • O Contrabaixo tem o som mais grave da família, na altura do contrabaixo. Ouça:
Veja as ilustrações de cada um:
A forma básica é a mesma para o violino, a viola e o violoncelo, diferindo um pouco apenas o contrabaixo. Todos têm tamanhos diferentes e relativos: o violino é o menor, a viola maior que o violino, o violoncelo é médio e o contrabaixo é grande.

i.06. O som da Viola

O SOM é a vibração de um corpo como uma lâmina, uma corda esticada, etc. Estas vibrações são transmitidas pelo ar através de ondas sonoras e chegam aos nossos ouvidos, que as interpretam e distinguem as seguintes características: a intensidade, a altura, o timbre e a duração.

Quando iniciei meus estudos do som da Viola me deparei com muitos termos novos e estranhos, como timbre, altura, intensidade, tessitura e afinação. A própria palavra som tem sua própria definição, e que não é tão simples assim. Desta forma, tentei postar uma explicação mais popular destes elementos.

  • A intensidade: A intensidade consiste em seu grau de força, e vai do forte ao fraco. A intensidade do som está relacionada à energia de vibração da fonte que emite o som.

    Popularmente a intensidade é conhecida como volume. Onde o que chamamos de som “alto” deveria ser “som intenso”. Na viola a intensidade pode ser regulada pela pressão que o arco faz nas cordas.

    Quanto mais pressão, mais intenso será o som. A intensidade sonora é medida em bel, em homenagem ao cientista inglês Graham Bell. Contudo, utiliza-se com mais freqüência um submúltiplo: 1 decibel = 1 dB = 0,1 bel.
  • A altura: A altura consiste em seu grau de elevação, do grave (grosso, baixo) ao agudo (fino, alto), variando de acordo com a quantidade de vibrações por segundo, isto é, variando com sua frequência. Um som com baixa freqüência (poucas vibrações) é denominado de som grave e o som com alta freqüência (muitas vibrações) é dito som agudo.

    As vibrações dos sons são divididas em faixas de altura chamadas regiões ou registros. As regiões de altura dos instrumentos musicais são três: o grave, o médio e o agudo.

    As regiões de altura das vozes humanas são quatro: o soprano, o contralto, o tenor e o baixo.

    Quanto maior o corpo do instrumento, mais grave tende a ser seu som. Compare o tamanho da viola com o violino, ou a grossura das cordas destes instrumentos. Como a viola é em tamanho 1/7 maior, seu som é reconhecidamente mais grave que o do violino. Quanto mais grossa a corda, mas grave é seu som produzido. Geralmente os homens têm voz mais grave e as mulheres voz mais aguda, ou seja, voz grossa e fina, respectivamente.

    Dessa forma, podemos concluir que a voz masculina tem menor freqüência que a voz feminina.

    Concluímos então que:
    1)Um som alto é um som agudo (fino, alto); e
    2)Um som baixo é um som grave (grosso, baixo).

    Desta forma é incorreto afirmar que um som muito 'barulhento' seja um som alto, pois quando falamos de intensidade temos apenas som fraco e som forte.
  • O timbre: É a qualidade e característica particular que nos permite reconhecer sua origem. Para ilustrar, pense que você só consegue identificar as pessoas pela voz devido ao diferente timbre entre elas. Você consegue diferenciar entre o som de um piano e de uma viola pois estes possuem timbres extremamente distintos. Todavia, enganam-se os que pensam que a viola e o violino têm o mesmo timbre.Apesar de ser maior do que o violino, a viola, é relativamente pequena em tamanho se comparada às notas graves que produz. Essa extensão do registro grave, juntamente com o fato de as cordas serem um pouco mais grossas que as do violino, confere à viola um timbre mais escuro, menos brilhante que o do violino, mesmo quando ela toca notas exatamente na mesma altura. As notas agudas têm uma tendência a soar rarefeitas e estridentes, mas o timbre dos registros médio e grave da viola é intenso, escuro e rico.
    As diferenças entre os timbres da viola e do violino são claramente audíveis na Sinfonia Concertante para Violino & Viola (K.364) de Mozart.
    Assista a parte I: À sua esquerda do vídeo, David Grimal, o solista de violino, e à sua direita, Lise Berthand, a solista de viola, entram com seus instrumentos há 2 minutos e 10 segundos do início. Bom entretenimento.



  • Continue o entretenimento e assista à parte II.




    Até a época de Mozart, a viola era usada principalmente para tocar as notas internas da harmonia ou dobrar as notas dos violoncelos. Durante o século XIX, porém, os compositores começaram a escrever partes mais complexas e mais interessantes para a viola.


    Uma forma simplificada de entender o timbre do som é dizendo que o timbre é a cor do som.

    O timbre é o que distingue o tom ou voz de um instrumento ou cantor, por exemplo a flauta da viola de arco, o soprano do tenor. Sendo assim, o timbre é torna-sea impressão digital sonora de um instrumento ou da vibração vocal.
  • A duração: É o tempo pelo qual o som se propaga, proporcionando a diferença entre som curto e som longo. A duração pode ser limitada ou ilimitada. A voz humana e a viola são exemplos de duração limitada. Já os órgão têm duração ilimitada. Ao contrário do que se pensa, uma nota pode ter uma duração ilimitada.
Resumo:


A intensidade depende da força das vibrações, chamada amplitude sonora, e pode ser fraco ou forte.
A altura depende da quantidade de vibrações, e pode ser alto (agudo), médio ou baixo(grave).
O timbre do som é a peculiaridade da sua fonte.
A duração é o tempo de propagação da fonte.

i.05. A origem da Viola

Em minhas pesquisas encontrei indícios que haviam vários tipos de intrumentos de corda tocados com arco na Idade Média. Contudo, não pude encontrar nada que certificasse sua origem.


O registro do ancestral mais remoto da Viola é um instrumento medieval muito respeitado na época chamado de Fidula, que juntamente com a harpa eram os instrumentos musicais mais comuns nesta época. Tenho encontrado em minhas pesquisas o instrumento Fidula sendo chamando também de Fidel, de Fiddle e de Fidule.

A Fidula derivou o Vielle (ou Viella), que a partir de 1.400 passou a ser denominado de Viola. A Viola daquela época era uma denominação comum entre todos os instrumentos de cordas tocadas com arco.

Na Idade Média os instrumentos tinham quatro variações que correspondiam a cada uma das extensões da voz humana: o soprano, o contralto, o tenor e o baixo.

Desta forma, para o soprano (som mais agudo) tínhamos a Viola Quinton, cujo nome vem das cinco cordas no lugar das seis que tinhas as demais violas.

Para o contralto tínhamos a Viola a Spalla.

Para o tenor tínhamos a Viola de Braccio, a mais semelhante à atual, e chamada também de Viola de Braço.

Para o baixo tínhamos a Viola da Gamba, de tessitura similar ao violoncelo.


Da Viola da Gamba surgiram o Baixo e Violoncelo, e da Viola de Braço surgiu a Viola d'Amore, que certamente foi a antecessora da Viola de Arco.

A diferença entre a Viola de Braço e a Viola D'amore é que na Viola D'amore se adicionou cordas de latão que repousam sobre a ponte abaixo das cordas de tripas, e que vibram e ampliam a sonoridade do instrumento, além de dar-lhe um timbre peculiar graças a esta vibração e a sonoridade metálica das cordas posicionadas inferiormente.


A Viola de Arco nasceu então entre os séculos XIV e XV e seu cultivo começou a ter valor artístico no século passado.

i.02. Viola vs Violino

Não é raro a Viola de Arco ser confundida com o violino. Ambos são instrumentos musicais de quatro cordas friccionadas por um arco. Sua semelhança com o violino é tamanha que iremos compará-los neste artigo.

A Viola de Arco é, em tamanho, 1/7 maior que o violino e ligeiramente mais pesada. Na ilustração desta postagem temos a Viola de Arco à esquerda e o violino à direita. 

Seus arcos também tem peso e tamanho diferentes. Assim como o violino, é colocada debaixo do queixo para ser tocada, mas, como o seu comprimento é maior que o do violino, o instrumentista precisa estender um pouco mais o braço esquerdo para tocá-la.

Também as distâncias entre uma nota e outra, ou seja, os lugares onde o instrumentista pressiona as cordas, são ligeiramente maiores que as do violino.

As quatro cordas são mais compridas e mais grossas em comparação com as do violino e suas afinações também são diferentes.

Em relação ao violino, a Viola de Arco possui um som mais encorpado, doce, menos estridente e mais grave.

A Viola de Arco é utilizada na música popular, jazz, rock, mas sua utilização mais comum é na música clássica.
Ouça abaixo o som intenso, escuro e rico da Viola de Arco:



NOTA:
Quem toca Violino é chamado de violinista.
Quem toca Viola de Arco é chamado de violista.

i.03. Viola vs Viola

No Brasil a palavra viola é usada para denominar diferentes tipos de intrumentos musicais. Desta forma, seu emprego indevido pode causar confusão, embaraço e constrangimento.

Para ilustrar esta confusão, veja que a palavra viola numa roda de violeiros tem significado extremamente diferente quando usada em um orquestra sinfônica.

Mas a primeira grande confusão está em relação à Viola Caipira cujo nome varia muito de região para região no Brasil. É chamada de Viola Cabocla, Viola de Dez Cordas, Viola de Pinho, Viola de Arame entre tantos outros, mas na praticidade é tratada somente por viola.

Desta forma, em um primeiro momento a palavra viola vem à mente do leigo como um instrumento dedilhado da família dos violões, iniciando então a confusão com a Viola de Arco, que também é tratada como viola pelos seus tocadores. Mas é compreensível, uma vez que a Viola Caipira é extremamente mais popular entre a população que a Viola de Arco.

Conclusão:

Viola de Arco
  • Semelhante ao violino, tem o corpo maior que este e seu desenho é semelhante.
  • Seu som é mais grave e também possui 4 cordas.
  • Quem toca Viola de Arco é chamado de violista. 
Viola Caipira
  • Semelhante ao violão, tem o corpo menor que este e seu desenho é mais quadrado.
  • Seu som é mais agudo, e diferente deste, possui 5 ou 6 pares de cordas.
  • Quem toca Viola Caipira é chamado de violeiro.

i.01 A Viola de Arco



Em seu Tratado de instrumentação, Berlioz lembra que "a viola é tão ágil quanto o violino e seu timbre é, em geral, profundamente melancólico".
Viola é um instrumento de cordas, o mais antigo da família do violino, a que é semelhante em todos os aspectos estruturais.

As primeiras violas serviam mais para acompanhamento, visto que tinham mais cordas e seus cavaletes eram menos curvos, de modo a se tocar mais notas ao mesmo tempo. Eram, portanto, instrumentos harmônicos.

Até fins do século XVI, havia mais de dez instrumentos com o nome de viola: Viola da Bracio, Viola Bastarda, Viola d’Amore, Viola da Gamba, etc.

A viola, tal como a conhecemos hoje, teve origem na Viola da Bracio (Viola de braço), que era tocada apoiada pouco abaixo do ombro, no peito.

A partir de meados do século XVII, as famílias Amati, Guarneri e Stradivarius passaram a produzir violas mais parecidas com as de hoje em dia.

A viola é um pouco maior de que o violino – a caixa de ressonância varia de 38 a 44cm – e tem som mais grave. É afinada uma quinta abaixo do violino e uma oitava acima do violoncelo (dó, sol, ré, lá).

Haydn e Mozart incluíram a viola em seus quartetos de cordas e, no final do século XIX, compositores como Hindemith e Honegger começaram a compor especialmente para esse instrumento. Detalharemos estas diferenças ao longo deste estudo.

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